Mediações e mediadores em Ciência da Informação
Resumo
O conceito operatório de mediação foi-se tornando central nas pesquisas e nas reflexões sobre a comunicação, sobretudo a partir da expansão e da influência social dos media de massa (ou mass media), a imprensa diária de grande tiragem, a rádio e a televisão, tornando-se entrada obrigatória de dicionários relativos às Ciências da Comunicação. Na literatura especializada do campo, a par de conceitos incontornáveis, tais como comunicação de massa, indústria cultural e cultura popular, a mediação não só se generalizou, como tem merecido atenções particulares, como a que Jesus Martin Barbero (um espanhol, formado em Louvain, emigrado em Paris de onde se passou para a Colômbia, onde se afirmou como professor de comunicação) lhe concedeu em artigos, comunicações, entrevistas e livros, nomeadamente em De los medios a las mediaciones (Barcelona, 1987). A sua concepção integradora e “culturalista” ganhou, na América do Sul, uma ampla receptividade, sendo usada e citada facilmente em artigos e estudos que se reclamam de Biblioteconomia e da Ciência da Informação. O que, neste artigo, se defende é a recusa de uma “importação” imediata e redutora, que deve dar lugar a uma apropriação crítica do conceito, ajustando-o à especificidade do objecto (re)construído da Ciência da Informação, unitária e transdisciplinar que vem sendo trabalhada e ensinada na Universidade do Porto. O conceito é abordado no quadro da tensão paradigmática em curso (a sobrevivência do paradigma custodial e patrimonialista e a emergência do novo paradigma – pós-custodial, informacional e científico), replicando, em si, essa tensão: à mediação custodial que se formou e desenvolveu ao longo dos sécs. XIX-XX sucede e opõe-se a mediação pós-custodial com contornos imprecisos e incertos, sobre a qual urge multiplicar as pesquisas, as indagações e os exercícios hermenêuticos.
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